RESUMOS

 
Sessão Temática: 8. Media e Cultura
Autor:

Verónica Mafalda Cabral Nunes de Melo Policarpo

Instituição:

Mestranda da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Dados Curriculares:

Aluna do Mestrado em Sociologia, Faculdade de Economia, Universidade de Coimbra Licenciada em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica Portuguesa

Título:

Ponto de Encontro: Um estudo de caso da televisão portuguesa

Resumo:
 

A presente comunicação sintetiza os resultados de uma tese de licenciatura em Comunicação Social, apresentada na Universidade Católica. O objectivo é analisar o programa da SIC Ponto de Encontro, confrontando-o com a forma como se apresenta à sociedade portuguesa através da imprensa e pela voz de Henrique Mendes: em primeiro lugar como espelho da realidade portuguesa; em segundo lugar como denunciador de injustiças e de casos dramáticos de separações; em terceiro lugar, como auxiliar ou assistente, propondo-se ajudar os indivíduos a reparar a separação de que são sujeitos pelo reencontro. A encenação desta tripla metáfora de identidade deve ser vista à luz do formato televisivo reality show, suas características específicas e sua relação com as sociedades actuais. Analisa-se o que no Ponto de Encontro existe em comum com este formato e o que nele se destaca como especifícidade de um produto concebido a pensar no povo português: como protagonista e como consumidor. Tal encenação tem precisamente como âncora o discurso mítico de identidade nacional enraizado no quotidiano e no senso comum dos portugueses. O Ponto de Encontro explora essencialmente três aspectos do discurso mítico nacional: o da pureza e transparência dos sentimentos (o português é naturalmente bom e afectuoso, solidário e humano); os portugueses distribuíram-se ao longo da história em dois tipos de território: o rural e o além-mar; finalmente, os portugueses desde sempre estiveram sujeitos a um fado, a um destino, não ultrapassável a não ser pelas naturais características de abnegação e de resignação. A imagem que o Ponto de Encontro constrói do seu público é, assim, a de um povo humilde e paciente da aversidade, crédulo e submisso, com raízes fortemente rurais e ultramarinas.